Eu visitarei anelante
Os rincões onde a sós
Estivemos eu e mi'amante
Nas ondas brincando nós.

Sós os dois estivemos,
Sós, com a companhia
Dos dois pássaros que vemos
Entrarem na gruta umbria.[2]

E ela, cravando os olhos
Naquela dupla ligeira,
Desfez-se dos lírios vermelhos
Que lhe dera a jardineira.

A madressilva olorosa
Colheu-as com as mãos ela,
E uma madame graciosa,
E um jasmim como uma estrela.

Eu quis, destro e galã,
Abrir-lhe seu guarda-sol;
E ela me disse: "Que afã!
Se hoje me agrada ver o Sol!".

"Nunca mais altos tenho visto
Estes nobres carvalhais:
Aqui deve estar o Cristo
Porque estão as catedrais."

"Já sei donde há de vir
Minha guria à comunhão;
De branco hei de a vestir
Com um grande chapelão."

Depois, do calor o ensejo,
Entramos pelo destino,
E nos dávamos um beijo
Enquanto soava um sino.

Voltarei, como quem não existe
Ao lago mudo e gelado:
Cravarei a quilha triste:
Pousarei o remo calado!

  1. Para essa tradução não se obedeceu à métrica original, optando-se pelo sentido e lirismo da obra.
  2. Dicionário: sombria