Quando eu morrer
Não quero choro nem vela
Quero uma fita amarela
Gravada com o nome dela
Se existe alma,
Se há outra encarnação
Eu queria que a mulata
Sapateasse no meu caixão
Não quero flores,
Nem coroa de espinho
Só quero choro de flauta
Violão e cavaquinho
Estou contente
Consolado por saber
Que as morenas tão formosas
A terra um dia vai comer
Não tenho herdeiros
Não possuo um só vintém
Eu vivi devendo a todos
Mas não paguei nada a ninguém
Meus inimigos
Que hoje falam mal de mim
Vão dizer que nunca viram
Uma pessoa tão boa assim
Quero que o sol
Não visite meu caixão
Para minha pobre alma
Não morrer de insolação
Esta obra entrou em domínio público no contexto da Lei 5988/1973, Art. 42, que esteve vigente até junho de 1998.
Caso seja uma obra publicada pela primeira vez entre 1929 e 1977 certamente não estará em domínio público nos Estados Unidos da América.