"Alevanta, amor,
Desse bom dormir,
Chame sua mãe
Para me acudir.

Levantou-se ele
Sem mais descanso,
Foi selando logo
Seu cavalo branco.

—Deus vos salve, mãe,
No vosso estrado.
—"Deus vos salve, filho,
No vosso cavalo.
Apeia pra baixo
Jantar um bocado.
—Não quero jantar,
Que vim a chamado,
Que a Flor do Dia
Lá ficou de parto.

—"De mim para ela:
Um filho varão,
De espora no pé,
E espada na mão,
Rebente por dentro
Pelo coração.

—Flor do Dia
Faça por parir,
Minha mãe está doente
E não pode vir.
"Alevanta, amor,
Desse bom dormir,
Chame minha mãe
Para me acudir,
Que ela mora longe,
Mas sempre há de vir.
Grande dor, marido, :
É dor de parir!

—Deus vos salve, sogra,
No vosso estrado.
—Deus vos salve, genro,
No vosso cavalo.
Apeia pra baixo
Jantar um bocado.
—Não quero jantar,
Que vim a chamado,
Que a Flor do Dia
Lá ficou de parto.
—De mim para ela:
Um fi1ho estimado,
Que eu veja no trono
Um bispo formado
Espera lá, meu genro,
Deixa-me vestir,
Que ela mora longe,
Mas sempre hei de ir.

—Pastor de ovelhas,
Que sinal é aquele,
Que está dobrando?
—"E' Dona Estrangeira
Que morreu de parto,
Sem haver parteira.
—Aquele sino
Não cessa de dobrar,
Nem meus olhos
Também de chorar.
Adeus, minha filha
Do meu coração,
Que morreu de parto
Sem minha benção.
Adeus, minha filha,
Que eu vinha te ver,
Quem não tem fortuna
Mais val não nascer.