XX
A Giganta
No tempo em que a Natura, augusta, fecundanta,
Seres descomunaes dava a terra mesquinha,
Eu quisera viver junto d’uma giganta,
Como um gatinho manso aos pés d’uma rainha!
Gostava de assistir-lhe ao desenvolvimento
Do corpo e da razão, aos seus jogos terriveis;
E ver se no seu peito havia o sentimento
Que faz nublar de pranto as pupilas sensiveis;
Percorrer-lhe a vontade as formas gloriosas,
Escalar-lhe, febril, as colunas grandiosas;
E ás vezes, no verão, quando no ardente solo
Eu a visse deitar, numa quebreira estranha,
Dormir serenamente a sombra do seu colo,
Como um pequeno burgo ao sopé da montanha!