XVI
A Teodoro de Banville
Por tal modo agarraste a Deusa pela crina,
Com ar dominador, num gesto sacudido,
Que se alguem presenceia o caso acontecido
Poderia julgar-te um rufião de esquina.
Com o límpido olhar, — precoce e ardente vista,
Audaz, vaes expandido o orgulho de arquitecto
Em nobres produções, de traço tam correcto,
Que deixam futurar um prodigioso artista.
O nosso sangue, Poeta, esvae-se dia a dia!...
Acaso, do Centauro, a túnica sombria,
— Que em fúnebres caudaes as veias transformava —
Três vezes se tingiu com as babas subtis
D’aqueles infernaes, monstruosos, reptis,
Que Hércules, em creança, a rir, estrangulava?