XXXI
De Profundis Clarnavi
Peço-te compaixão, ó meu unico amor,
Do fundo d’este abismo onde a minh’alma arrasto,
D’este frio paul de horisonte nefasto,
Onde pairam na treva a blasfemia e o terror;
Em seis meses, um sol mortiço anda na altura,
Que durante outros seis á noite dá lugar;
É um país mais nu do que a região polar,
Sem flor’s, nem creação, sem fontes, nem verdura!
Ora não ha no mundo um horror comparado
Ao do frio cruel d’esse astro regelado,
E a torva escuridão d’essa noite sem fim;
Chego até a invejar o animal sem dono
Que mergulha a dormir n’um estúpido sono...
Ó meu único amor, tem compaixão de mim.!