XXV
Intangivel
Quero-te como quero á abóbada nocturna,
Ó vazo de tristeza, ó grande taciturna!
E tanto mais te quero, ó minha bem amada,
Por te ver a fugir, mostrando-te empenhada
Em fazer aumentar, irónica, a distância
Que me separa a mim da celestial estância.
Bem a quero atingir, a abóbada estrelada,
Mas, se a julgo alcançar, vejo-a mais afastada!
Pois se eu adoro até — fero monstro, acredital —
O teu frio desdem, que te faz mais bonita!