XLIV

O Archote Vivo


Marcham na minha frente os olhos deslumbrantes
Que um anjo prodigioso imanizou co’as mãos;
Marcham esses irmãos, que são os meus irmãos,
Fulgindo o meu olhar com seus fogos brilhantes.

A livrar-me do Mal e de qualquer agravo,
Pela estrada do Bem fazem que eu siga altivo;
São os meus serviçaes, e eu d’êles sou escravo,
Todo o meu ser ’stá preso a esse archote vivo.

Lindos olhos, brilhaes com a luz que irradia
Dos funéreos brandões a arder em pleno dia,
Que o Sol faz descòrar, mas não logra extinguir...

Eles choram a Morte, e vós cantaes a Vida,
Saudaes o despertar da minh’alma dorida,
Astros que nenhum sol poderá desluzir!