Á VIOLÊTA.


Gentil florinha mimosa,
Que desabrochas viçosa,
Es oriunda do céu?
Quem te deu esse perfume,
Que ao jasmin causa ciume?
Quem tal feitiço te deu?

Foi de Deus a dextra santa,
Que deu-te meiguice tanta,
Que te deu tão linda côr?
Foi o seu saber profundo,
Que te fez descer ao mundo
Como um symbolo de amor?

Si o Eterno, n’um sorriso,
Te colheu no paraiso,
Onde vivias tão pura;
Si, no seu sôpro celeste
Á terra um dia vieste
Adoçar nossa amargura;

Porque, modesta florinha,
Occultas recatadinha
A tua divina essencia?
O teu segredo é trahido;
Esse aroma tão subido
Te denuncia a existencia.

Quando ao universo baixaste,
Porque esse nome mudaste,
Que te cabe de direito?
Tu, que até foges ás brisas,
Melhor que outra symbolisas
O sublime —amor perfeito.—

Oh! não deixes que outra flor
Use o nome encantador
Que possuias no céu;

A presumida bem sabe
Que esse nome a ti só cabe,
Que esse nome é todo teu.

Tem ella maior frescura,
Mais tocante formosura,
Tem o teu celeste odor?
Vive acaso, flor querida,
Como tu, casta, escondida,
Retratando o puro amor?

Captiva a sua lindeza
Mais que a tua singeleza,
Encanto de quem te vê?
Tem, aos olhos da poesia,
Para attrahir, a magia
Do teu raro não-sei-quê?

Porque, modesta florinha,
Occultas, recatadinha,
A tua divina essencia?
O teu segredo é trahido;
Esse aroma tão subido
Te denuncia a existencia.

Retoma, pois, flor celeste,
Esse nome que tiveste,
Que te cabe de direito;
Tu, que até foges ás brisas,
Melhor que outra symbolisas
O sublime —amor perfeito.—