Inverno

 

O vento reza un cantochão...

Meio-dia. Um crepúsculo indeciso
gira, desde manhã, na paisagem funesta...
De noite tempestuou
chuva de neve e de granizo...
Agora, calma e paz. Sòmente o vento
continua com seu oou...

Destacando-se na brancura,
os últimos pinlieiros da floresta.
ao vendaval pesado e lasso,
como que vão partir em debandada:
parece cada qual, com a cabeça dobrada,
uma interrogação arrojada no espaço.

O vento rosna um fabordão...

Qual um mármore plano de moimento,
silenciou o caminho. É a sepultura,
profana, sem unção,
onde, com a última violeta,
jaz a franca alegria do verão...

Ha ventania, mas
ha solidão e paz.
Ninguem. Os derradeiros pios
voaram de manhãzinha; mas em breve
sepultarani-se sob a neve,
mudos e frios.
Tudo alvo... apenas a tristeza preta,
e o vento com seus roncos...
Ninguem
— Alguem!
Olha, junto dos troncos,
um reflexo de baioneta!...