Dor, saúde dos seres que se fanam,

Riqueza da alma, psíquico tesouro,

Alegria das glândulas do choro

De onde todas as lágrimas emanam...


És suprema! Os meus átomos se ufanam

Da pertencer-te, oh! Dor, ancoradouro

Dos desgraçados, sol do cérebro, ouro

De que as próprias desgraças se engalanam!


Sou teu amante! Ardo em teu corpo abstrato.

Com os corpúsculos mágicos do tato

Prendo a orquestra de chamas que executas...


E, assim, sem convulsão que me alvoroce,

Minha maior ventura é estar de posse

De tuas claridades absolutas!


(Outras Poesias, 14)