História das Psicoterapias e da Psicanálise/VI/II
7) A linguagem simbólica é uma língua em que as experiências íntimas, os nossos sentimentos, paixões e sentimentos são expressos por meio de símbolos ou imagens como se tratasse de experiências do mundo exterior, mas é uma linguagem sem a menor lógica, se nos atemos às convenções do mundo da "realidade externa". Uma linguagem onde as categorias predominantes não são as do espaço e tempo, mas sim as da intensidade e da associação. Para compreendê-la é bom distinguir os três tipos de símbolos seguintes:
a) O símbolo convencional — A palavra mesa e a palavra bandeira são símbolos puramente convencionais, onde, entre eles e os objetos simbolizados não existe nenhuma conexão. Seu significado é totalmente convencional e arbitrário, e só pode ser compartilhado por um grupo de pessoas, que tenham aceitado essa convenção.
b) O símbolo acidental — Simboliza a experiência individual ligada a um objeto. Se eu caio de uma escada ou de uma árvore e sofro uma machucadura, unida a muito medo; a escada e a árvore ficarão sendo, "para mim", símbolo de machucadura, de sofrimento e de medo. A conexão entre esses símbolos e os sentimentos representados é puramente acidental e pessoal e só serve para "mim" que lhes assinei tal significado.
c) O símbolo universal — é aquele que tem uma conexão intrínseca com o objeto representado e, portanto, tem um valor de significação universal, podendo ser compartilhado por todos. O Fogo, para nós, é um símbolo de energia suave ou avassaladora, de leveza, de movimento, de graça e de regozijo; a água é símbolo universal de mudança e permanência, de movimento constante e relativa estabilidade, de energia e continuidade, etc.
Nos sonhos e nos mitos são usados preferencialmente os símbolos acidentais e os universais. Principalmente os símbolos universais constituem nossa linguagem simbólica universal, elaborada pela raça humana durante os séculos. Essa linguagem simbólica universal, tal como empregada, nos mitos e nos sonhos, é encontrada em todas as culturas, primitivas, e desenvolvidas. Por isso, os mitos e os sonhos têm essa característica de universalidade.
Um vale apertado entre altas montanhas, por exemplo, sempre significará segurança contra inúmeros perigos, e também pode significar uma prisão, que isola e limita os movimentos. Pode ser um bom símbolo do útero e da vida intrauterina, onde há segurança e não há perigos, mas também, não há movimento nem liberdade.
9) De qualquer forma, a linguagem dos sonhos e dos mitos é a linguagem simbólica. A arte de interpretar os sonhos e os mitos é a arte de entender os símbolos. Como qualquer outra arte, requer conhecimento, talento, prática e paciência.