Ja he tempo, ja, que minha confiança
Se desça de huma falsa opinião:
Mas Amor não se rege por razão;
Não posso perder, logo, a esperança.
A vida si; que huma aspera mudança
Não deixa viver tanto hum coração,
E eu só na morte tenho a salvação:
Si: mas quem a deseja não a alcança.
Forçado he logo que eu espere e viva.
Ali dura lei de Amor, que não consente
Quietação n'hum'alma que he captiva!
Se hei de viver, em fim, forçadamente,
Para que quero a gloria fugitiva
De huma esperança vãa que me atormente?