E, depois, a mão de Deus despenhou o cynico.

No tremedal, onde caíra, roeram-n'o os vermes dos cadaveres que elle fizera.

E riu-se.

Cobriram-n'o os improperios, e os sarcasmos de tantos, que elle enxovalhára, sacudindo-lhes ás faces a lama das ruas com as rodas do seu carro insultuoso.

E riu-se.

Teve que aceitar uma esmola, que, por escarneo lhe lançou ao chapéo um d'aquelles que lh'a pedira, em vão, anceado de fome.

E riu-se.

Bateu á porta de seus creados, que medravam nas prodigalidades do amo: pediu um bocado de pão, e responderam-lhe de dentro com uma gargalhada.

E riu-se.

Este é o cynico.

E quando lhe aconselharam o suicidio, riu-se, e riu até morrer porque a morte de cynico é uma risada na blasphemia.