Desde 1835 até 1842, a historia de Alvaro da Silveira é a historia de todos os homens perdidos.

A reclusão de sua mulher, no principio, recebeu-a como um ataque aos seus direitos de marido, e quasi esteve, por orgulho, a requerer um divorcio, ou, ainda mais, a annulação do casamento.

Outras idéas vieram desenlea'-lo d'esta preoccupação periodica. O seu amigo conde chasqueava-lhe a demasiada susceptibilidade, dizendo-lhe que poucos maridos deviam tanto á fortuna, que por tão suave processo, o descartára a elle do tropeço conjugal.

O velho Silveira saíu d'este mundo, um anno depois que Maria entrára no convento ralado de penas, infamado pelas immoralidades de Alvaro, que, de collaboração com o conde, redigira os famosos estatutos para a chamada sociedade do delirio. Ao estrondo das primeiras impudencias, o pobre pae correu a querer salvar o filho. Foi recebido com desdém, e repellido com o desprezo ás suas instancias. O velho coração não podia com o golpe. Morreu sem filho ao pé do leito, quasi desamparado dos parentes que o inculpavam na educação licenciosa de Alvaro. Quem lhe ministrou as consolações do trespasse, foi um extranho. Frei Antonio dos Anjos, ao qual o senhor de uma grande casa disse á hora da morte, que as dissipações de Alvaro não lhe tinham deixado seis vintens para mandar dizer por sua alma uma missa.