— D’onde vens, Laura?
— De casa.
— Vais á festa?
— Já se vê?
— Tão sozinha?
— O que tem com isso?
— Vou contigo...
— Para quê?
 
— Para ensinar-te o caminho...
— Agradeço-lhe o favor;
Eu sei de cor estas bandas,
Obrigada, meu senhor.
 
— Olha o Demo se te encontra...
— Pergunto ao Demo; o que quer?
— E se ele quiser um beijo?
— Dou-lhe até mais, se quiser.
 
— Ora, anda cá; dá-me o beijo,
Porque o Demônio em mim vês...
— Já me’stava parecendo...
Ficará para outra vez.
 
— Vá d’esta vez um abraço...
— Abraço?..
— Sim, o que tem?
— Mamãe me disse outro dia...
— O que te disse a mamãe?
 
— Que uma rapariga solteira
Em abraçando um rapaz...
Ferve-lhe o sangue nas veias,
E depois...
— E depois?
— Zás!
 
Arregaçando o vestido
Deitou-se Laura a correr;
Deixando-me boquiaberto
Co’o sangue todo a ferver!