Há mãos que fazem medo

Feias agregações pentagonais,

Umas, em sangue, a delinqüentes natos,

Assinalados pelo mancinismo,

Pertencentes talvez...

Outras, negras, a farpas de rochedo

Completamente iguais...

Mãos de linhas análogas e anfratos

Que a Natureza onicriadora fez

Em contraposição e antagonismo

Às da estrela, às da neve, ás dos cristais.



Mãos que adquiriram olhos, pituitárias

Olfativas, tentáculos sutis,

E à noite, vão cheirar, quebrando portas

O azul gasofiláceo silencioso

Dos tálamos cristãos.

Mãos adúlteras, mãos mais sanguinárias

E estupradoras do que os bisturis

Cortando a carne em flor das crianças mortas.

Monstruosíssimas mãos,

Que apalpam e olham com lascfvia e gozo

A pureza dos corpos infantis.


(Outras Poesias, 33)