Esta é a Laura, a riquissima princeza
De negros olhos, elegante e bella,
A cujas plantas a aulica nobreza
Se roja, apenas a um sorriso della.
Rosa de extranha e sensual fragrancia,
Nascida em pobre e humillimo canteiro,
Em todos os certamens da Elegancia
Sempre conquista o galardão primeiro.
O seu esposo é um principe normando,
Louro e de face turgida e vermelha,
Em cujo olhar energico se espelha
A arrogancia do orgulho e aspero mando.
Ha tempos, Laura era a menina honesta,
Toda aos prazeres deste mundo alheia,
Que passava o viver nessa modesta
Vida tediosa e simplice de aldeia.
E quanta vez, á noite, a sós comsigo,
Não fez correr as lagrimas no rosto,
Sem nunca achar um coração amigo
Que se doesse tambem com o seu desgosto!
Mas, um dia a fortuna entrou-lhe a porta;
E, olhando derredor, vendo-a sósinha,
Com esse timbre de voz que a alma conforta,
„Laura, disse, levanta-te e caminha!”
E conduziu-a, pela mão, ao grande
Mundo do luxo pródigo e faustoso,
Onde, farta e soberba, a alma se expande,
Cheia do tedio mórbido do goso.
Hoje é a Laura, a riquissima princeza
De negros olhos, elegante e bella,
A cujas plantas a aulica nobreza
Se roja, apenas a um sorriso della.