Nestes últimos dias só tenho visitado o casal Aguiar, que parece meter-me cada vez mais no coração. Vivem felizes, recebem e mandam notícias aos dois filhos de empréstimo. Estes descerão na semana próxima para subir no mesmo dia; o único fim é abraçar os velhos.

Em Petrópolis tem chovido, mas também há dias bonitos, e deles e das chuvas Fidélia manda impressões interessantes; talvez a principal causa destas seja o próprio estado conjugal. A alma da gente dá vida às coisas externas, amarga ou doce, conforme ela for ou estiver, e o texto de Fidélia é dulcíssimo. D. Carmo mostrou-me ontem a última carta da moça, escrita nas quatro páginas, letra miúda e cerrada, e linhas estreitas. A ternura não embarga a discrição nem esta diminui aquela. No fim da carta, Fidélia insinua a idéia de irem todos quatro à Europa, ou os três, se Aguiar não puder deixar o Banco. A velha vai dizer que não pode ser por ora.

— Nem por ora, nem jamais, concluiu dobrando a carta; estou cansada e fraca, conselheiro, e meio doente. Não dou para folias de viagens.

— Viagens dão saúde e força, opinei.

— Pode ser, mas em outra idade; na minha é já impossível.

Seguiu-se uma pausa, durante a qual Aguiar olhou de soslaio para a mulher, ela para si, e eu para ambos alternadamente. Entrou um vizinho, e falamos de outras coisas.