Tristão e Fidélia desceram hoje e Aguiar os foi buscar à Prainha. Dali vieram almoçar ao Flamengo, onde D. Carmo esperava os recém-casados e os abraçou cheia de coração. O velho ficou de ir do Banco à Prainha, quando a barca houvesse de sair à tarde para Petrópolis.
Tudo isso ouvi de noite aos dois velhos, e ouvi mais que a velha e os moços passaram um dia deleitosíssimo. Não foi este o próprio vocábulo empregado por ela; já lá disse algures que D. Carmo não possui o estilo enfático. Mas o total do que me disse vem a dar nele.
Conversaram os três de várias coisas, de Petrópolis, de música e de pintura; os dois tocaram piano, logo depois saíram à praia, com a velha. Justamente na praia, Fidélia pegou da idéia que propusera em carta de fazerem uma viagem à Europa, à qual D. Carmo se recusou por débil e cansada. Então Fidélia explicou o que seria a viagem; em primeiro lugar curta, a Lisboa, para ver a mãe de Tristão, depois a Paris, e se houvesse tempo, a Itália; partiriam em agosto ou setembro, e em dezembro estariam de volta.
— Não é o tempo, filha, replicou D. Carmo; pouco ou muito, desde que lá estivesse iria ao fim, mas é este corpo já cansado, e depois, não indo Aguiar, quem há de cuidar dele?
— Pois ele que vá também, acudiu Tristão.
— Este ano não pode.
A conversação foi andando com eles, ao longo da praia, onde o mar, indo e vindo, era como se os convidasse a meterem-se nele até desembarcar "no porto da ínclita Ulisséia", como diz o poeta. D. Carmo ainda se lembrou de lhes perguntar por que não transferiam a viagem para o ano; Aguiar poderia ir também. Não responderam.
— Recusaria o acordo eu, disse Aguiar à noite, ao me contarem isto. Assim repliquei aos dois na Prainha, quando ali os fui meter na barca. Também eu não deixaria Carmo.