Meu Captiveiro entre os Selvagens do Brasil (2ª edição)/Capítulo 45

CAPITULO XLV
De como foi que comeram a carne
de Jorge Ferreira, filho do
capitão Portuguez

De fronte á minha cabana ficava a do morubichaba Tatamiri (foguinho). Este chefe deu uma festa; mandou preparar o cauim, como era costume, e forneceu o assado: a carne do Jorge Ferreira, fiIho do capitão portuguez. Os convidados beberam, comeram e cantaram numa grande alegria. No dia seguinte requentaram de novo o resto do moquem e repetiram o banquete.

A carne de Jeronymo ficou por mais de tres semanas em uma cesta, pendurada ao fumeiro da minha cabana; estava tão secca que parecia pau. O dono della, Paraguá, tinha sahido em busca de raizes de mandioca para preparar a bebida. Isso retardou minha ida para o navio, pois os selvagens não queriam sahir antes da festa em torno da carne de Jeronymo.

A demora me prejudicou, pois o navio nesse intervallo partiu de Iteron, sem que viesse ou mandasse buscar-me. Quando recebi essa noticia cahi em profundo desespero; mas como os selvagens disseram que esse barco vinha todos os annos, consolei-me como pude.

Esta obra entrou em domínio público pela lei 9610 de 1998, Título III, Art. 41.


Caso seja uma obra publicada pela primeira vez entre 1929 e 1977 certamente não estará em domínio público nos Estados Unidos da América.