Moradoras gentis e delicadas
Do claro e aureo Tejo, que metidas
Estais em suas grutas escondidas,
E com doce repouso socegadas;
Agora esteis de amores inflammadas,
Nos crystallinos paços entretidas;
Agora no exercicio embevecidas
Das télas de ouro puro matizadas;
Movei dos lindos rostos a luz pura
De vossos olhos bellos, consentindo
Que lagrimas derramem de tristura.
E assi com dor mais propria ireis ouvindo
As queixas que derramo da Ventura,
Que com penas de Amor me vai seguindo.