O nababo


COMMENTA-SE a morte de um homem soturno, que sempre viveu sem familia, arredado de amigos, tremendamente misanthropo e que aos setenta annos se finou na mais extrema miseria, tendo gasto tudo quanto tinha em bilhetes de loteria.

— Que desgraçado! dizem.

— Que homem feliz! penso commigo. Viveu de sonhos. Viveu nababescamente a sonhar maravilhas. Como os chins ingerem opio, elle ingeria bilhetes, notas promissorias de esperança — e sonhava.

Esta obra entrou em domínio público pela lei 9610 de 1998, Título III, Art. 41.


Caso seja uma obra publicada pela primeira vez entre 1929 e 1977 certamente não estará em domínio público nos Estados Unidos da América.