Turismo.
EXCURSÃO de bicycleta a X. Lama na volta. Noções muito justas sobre as estradas. Os globe-trotters, cyclistas ou
automobilistas, do mundo só vêem as estradas. Dissertam sobre a variedade das lamas, das argillas, dos caldeirões, dos facões, dos barrancos, das cercas, dos mata-burros, das pontes. O resto não lhes
cahe sob as vistas.
O memorial da viagem do principe Borghese a Pekin, é um curso de estradas. Tambem desta marca é o de um sr. Frazer, que li hoje.
Partiu de Southampton e para alli regressou 114 dias depois, com sciencia perfeita das lamas da Russia, Armenia, Persia, India, China, Japão e Estados Unidos, onde noivou, casou e divorciou.
Lendo a historia do Frazer, entristeceu-me não ser inglez. Que dote inestimavel dá o pae ao filho fazendo-o ver o sol em territorio britannico! O inglez, onde vá, está em casa, sob suas leis, com sua lingua á mão. Se quer oriente, tem toda a India sem sahir do imperio. Se lhe sabe terras oceanicas, tem a Australia; se prefere as americanas, tem o Canadá e a Yankia. Se lhe faz conta negrejar, tem
quasi toda a Africa, da virgem, do Sudão á historica, do Egypto. Se quer explodir leões com dum-duns, vae alli ao Uganda, tapada sua. Dê-lhe gana de robinsonear e póde escolher ilhas suas, dentro de toda uma constellação. E para todos os pontos vae com o maximo de commodidades e de garantias, certo de encontrar bancos
que lhe facilitem moeda, residents que o defendam do gentio, sabão Pears, biblias, whisky White Label.
Talvez venha d'ahi a furia itinerante do inglez: exercita-a sem sahir de casa, o que é sobremaneira commodo.
Esta obra entrou em domínio público pela lei 9610 de 1998, Título III, Art. 41.
Caso seja uma obra publicada pela primeira vez entre 1929 e 1977 certamente não estará em domínio público nos Estados Unidos da América.