No tempo que de amor viver sohia

No tempo que de amor viver sohia,
Nem sempre andava ao remo ferrolhado;
Antes agora livre, agora atado,
Em várias flammas variamente ardia.

Que ardesse n'hum só fogo não queria
O Ceo porque tivesse exprimentado
Que nem mudar as causas ao cuidado
Mudança na ventura me faria.

E se algum pouco tempo andava isento,
Foi como quem co'o pêzo descansou
Por tornar a cansar com mais alento.

Louvado seja Amor em meu tormento,
Pois para passatempo seu tomou
Este meu tão cansado soffrimento!