A. J. de Araújo Pinho — "O Barão de Cotegipe no Rio da Prata", pág. 85.
O Barão de Cotegipe, cujas previsões políticas lhe deram a fama póstuma de profeta, foi, talvez, a inteligência mais aguda do Segundo Império. Contrário à emancipação dos escravos pelo abalo econômico que essa medida acarretaria, opôs-se quanto pôde à sua execução, observando sempre à Princesa Regente, quando ministro, os riscos de uma providência radical. Feita a abolição em 1888, encontrou-se um dia a Princesa com o velho titular, e interpelou-o, feliz:
— Então, sr. Cotegipe?... A abolição se fez com flores e festas... Ganhei ou não a partida?
O Barão fitou-a, com os seus olhos miúdos e inteligentes.
— É verdade, — confessou. E com tristeza:
— Vossa Alteza ganhou a partida, mas perdeu o trono!...
Um ano depois, proclamava-se a República.