Alberto Rangel — "Pedro I e a Marquesa de Santos", pág. 48.

Certo coronel mercenário, utilizado, como tantos outros, por Pedro 1 nos primeiros dias do Império, costumava gabar-se da amizade que lhe dispensava o Imperador.

— Quando eu morre — dizia ele, freqüentemente, no seu português de alemão; — quando eu morre, lmperradorr chorra muito!

Um dia, durante um jantar entre camaradas em que todos haviam bebido em demasia, entenderam estes de tirar a prova daquela asserção, e mandaram um portador ao Paço, comunicar a Sua Majestade a morte do oficial.

Ao regressar o emissário, o coronel indagou, pressuroso e comovido:

— Imperradorr chorra?

— Não, senhor, — informou o encarregado da missão. — Quando eu lhe dei a notícia, Sua Majestade limitou-se a dizer: -"Pois que vá feder pra longe!"