J.M. de Macedo — "Ano Biográfico", vol. III, pág. 232.
Os fatos desenrolados na noite de 6 para 7 de abril de 1831 puseram em relevo todas as qualidades_ de energia e de orgulho do primeiro Imperador do Brasil. Formada no Campo de Santana, a guarnição da capital exigia a reintegração do ministério de 20 de março, demitido na véspera. Passava e meia-noite quando o brigadeiro Lima e Silva, comandante das armas, despachou para S. Cristóvão o major Miguel de Frias, pedindo a Sua Majestade que cedesse à vontade do povo e da tropa.
— O mesmo ministério, de forma alguma! — declarou, peremptório, Pedro I, ao ouvir o emissário. — Isso é contra a minha honra e contra a Constituição. Antes abdicar. Antes a morte!
Refletiu, porém, um instante, pediu ao oficial que esperasse, e, entrando para um compartimento próximo, voltou, momentos depois, com um papel na mão.
— Aqui tem a minha abdicação, — declarou, entre a surpresa dos presentes, entregando ao major Frias a folha de papel.
E comovido, entre o silêncio de todos:
— Desejo que sejam felizes. Eu me retiro para a Europa, e deixo um país que sempre amei, e tanto amo!
Eram duas horas da manhã.