Frei Gaspar da Madre de Deus — "Memórias para a História da Capitania de São Vicente", pág. 243.
Levantado Portugal contra o jugo espanhol, resolveram as capitanias do Brasil acompanhar a primitiva metrópole, aclamando rei ao duque de Bragança, com o titulo de D. João IV. Os paulistas de origem espanhola acharam, porém, que a ocasião era excelente para se emanciparem da tutela européia, e em 1642, saíram a aclamar, como seu rei, a Amador Bueno da Ribeira, homem de condição nobre, nascido na colônia e de grande prestígio entre os naturais.
Procurado para ser investido de poderes reais, Amador Bueno, coração leal e sem ambições de mando, correu a refugiar-se no convento dos Beneditinos. E quando surgiu, no segundo dia, diante do povo que o buscava, foi para gritar, desembainhando a espada:
— Viva D. João IV, nosso Rei e Senhor, pelo qual darei a vida!
A sua recusa do trono salvou esse ponto do império colonial português, e, com isso, a unidade do Brasil.