Paulo Barreto — "Revista da Academia Brasileira de Letras", n° 8, abril de 1912.

Na sua vida de notívago e de boêmio, teve Guimarães Passos, por mais de uma vez, de ser interpelado pelos policiais rondantes. Uma noite, caminhava ele sem destino, quando um guarda o deteve.

— Que queres, vérmina humana? — interpelou o poeta, descendo da nuvem onde rimava o seu sonho.

— Aonde vai assim? — insistiu o policial.

— "Urbi et orbi!" — informou o Guima, num gesto largo.

— Como?

— "Urbi et orbi!"

— "Têje" preso, é que é. Não pode "insurtá" a guarda! — protestou o rondante.

E levou-o para a delegacia.