Domingos Barbosa — Silhuetas, pág. 81
Resolvida a adesão da província ao movimento de 15 de novembro, foi constituída no Maranhão uma Junta Governativa, de que era membro o tribuno Paula Duarte, republicano da propaganda; o major Tavares, representando o elemento militar e o comerciante Francisco Xavier de Carvalho, homem de poucas letras mas de grande seriedade, que entrava, no caso, como delegado do povo.
Ao fim de alguns dias de governo, apareceu na imprensa de São Luiz um manifesto assinado pelos três, admiravelmente escrito, mas que se particularizava, do princípio ao fim, pela violência da linguagem.
Espantado com a assinatura de Paula Duarte naquele documento imprudente, um amigo procurou-o, para estranhar o fato.
— Que podia eu fazer, filho? — observou o tribuno, abrindo os braços. — Que podia eu fazer?
E desculpando-se:
Imagine você que, entre a ignorância e a espada, mal pude salvar a gramática!