[P]om emxemplo este doutor e diz que hũu çeruo demamdou a hũu cabram hũu moyo de trijguo, que dizia que lhe emprestára, peramte o lobo[1]: e o cabram per medo do lobo lh’o comfessou, e o lobo lhe deu çerto termo a que lh’o pagasse.
Acabado o [q]ual[2], o çeruo lhe pidio o dicto trijguo. Ho cabram di[sse] que nom lh’o queria dar e que o comfesso qu[e] /[Fl. 42-v.][3] ell fezera nom era valioso, porque o fezera com medo do lobo: e as cousas que com medo prometem[4] nom ssom valiosas, segundo dereyto da ley. E veendo o juiz a alegaçom, ssoube a uerdade, e assolueo o cabram do comfeso que fezera per medo.
Per este emxemplo este poeta nos amostra que nom deuemos cõostramger[5] nhũa[6] perssoa que digua nhũa[7] cousa per força nem per medo, porque a confissom fecta per medo e temor nom vall segumdo derejto[8] canonico e çiuell, nem ssegumdo Deus, o quall he sabedor de todalas cousas.
Notas
editar- ↑ Peramte o lobo depende de demandou.
- ↑ O logar a que corresponde q está roto. O mesmo succede com relação ás outras lettras que ponho infra entre colchetes.
- ↑ Repete-se que no começo da pagina.
- ↑ Ou falta se («que com medo se prometem»), ou prometem, por estar no plural, exprime aqui por si só a impersonalidade (Não se póde lêr prometemos.
- ↑ É difficil decidir se no ms. está cõestramger ou como escrevo.
- ↑ Leia-se nhehũa ou nẽ hũa.
- ↑ Leia-se nhehũa ou nẽ hũa.
- ↑ No ms. djto com til sobre o j (que não tem ponto). Mas supra, por extenso, dereyto.