Existe uma flôr que encerra
Celeste orvalho e perfume.
Plantou-a em fecunda terra
Mão benefica de um nume.

Um verme asqueroso e feio,
Gerado em lodo mortal,

Busca esta flôr virginal
E vai dormir-lhe no seio.

Morde, sangra, rasga e mina,
Suga-lhe a vida e o alento;
A flôr o calix inclina;
As folhas, leva-as o vento,

Depois, nem resta o perfume
Nos ares da solidão...
Esta flôr é o coração,
Áquelle verme o ciume.