A suspeita de Mundica foi para o vigário um motivo de contentamento. Parou à janela do professor e desfez-se em afabilidades com Eulália: Era ela de todas as moças da paróquia a mais pressurosa em socorrer os desgraçados; viam-na todos como a um anjo: com fé, com resignação, com amor. Falava-lhe assim em nome dos desgraçados, que não queriam senão a si; pedia-lhe, pois, que não faltasse à tarde no Engenho, porque, nos dias em que não ia, azoinavam-no com perguntas e queixas.
— É bem provável que hoje não vá; meu pai tem estado a queixar-se de dormências nas pernas.
— Ah! é o reumatismo: não vale nada.
— Não, está se sentindo esquisito, com a voz rouca. Desde o dia da partida do sr. Monte, não se tem sentido bem; fez-lhe mal passar a noite em claro.
— Veja se pode ir; na volta viremos juntos, e eu visitarei o velho. Há de ser alguma cisma.
Eulália beijou-lhe a mão e ele retirou-se.
À tarde, porém, o vigário esperou debalde no Engenho a chegada de Eulália, e levou a entediar-se por largo espaço, ouvindo uma aluvião de queixas que faziam as outras moças incumbidas dos socorros. Não podiam com essa gente, diziam; nunca estava satisfeita, faltava-lhe sempre tudo. As roupas, que lhe eram dadas, desapareciam como por encanto e todos se apresentavam trapilhos e imundos:
— Bem - ponderou o vigário -, não querem ser tratados com bondade? Terão o rigor.
Deixaram-no finalmente só no Engenho entre a massa dos retirantes, a passear de um lado para outro e a expedir de espaço a espaço portadores para ver se vinham ou não "os dois anjos de Deus", como chamavam os retirantes a Eulália e Irena.
Mas, começando a anoitecer, Paula reconheceu que era em vão esperar e, acompanhado por dois retirantes, pôs-se a caminho. Quando chegou à parte já povoada da estrada, despediu os companheiros.
— Digam lá às mulheres que amanhã de manhã não venham cá à paróquia, esperem por mim no Engenho. Quanto a vocês, já sabem, vão para o serviço do adobe.
Seguiu a passos largos a sua caminhada, e depois de conversar com Antão Ramos sobre a probabilidade de faltarem gêneros para a população adventícia, que aumentava dia a dia, enveredou para a casa de Queiroz.
A noite sem luar afastara da praça os passeadores; quase todas as casas estavam fechadas, e o silêncio prolongava e avultava o som das suas passadas na areia.
De repente Paula estremeceu, levou uma das mãos ao pavilhão da orelha e encurvou-se para a frente, arregalando muito as pálpebras. Um vulto caminhava apressadamente diante de si e na mesma direção.
— Quem será? - resmungou Paula, como se falasse para algum companheiro.
Apertou por sua vez o passo no encalço do desconhecido, mas não conseguiu alcançá-lo, porque o vulto levava grande distância de si, e demais disso, era necessário pisar cautelosamente para não fazer rumor. Para maior precaução, Paula desviou-se da trilha geral, e seguiu mais para o meio da praça. De súbito, já em face da horta de Queiroz, o vulto sumiu-se como se a noite o houvesse devorado.
Olhou para todos os lados, surpreendido e atento: não viu senão a homogeneidade da noite; depois ajoelhou-se e aplicou o ouvido, mas nenhum rumor percebeu.
— Distraí-me e perdi a pista - murmurou levantando-se; - ficará para outra vez.
Dera apenas algumas passadas, quando um rosnado de cães e um latido, que para logo cessaram, chamaram-lhe violentamente a atenção.
— Ah! - exclamou levando a mão à testa. - Até que enfim!
Havia nesse brado represo a satisfação da pantera esfaimada, a pousar o olhar esgarado sobre a presa! Como se tivesse adquirido de chofre a elástica celeridade do tigre, colheu a batina e correu sem ruído para o ponto em que o vulto desaparecera. A cerca de pau-a-pique ergueu-se-lhe diante como invencível barreira. Forcejou para ver se podia destacar algum dos mourões, mas estavam solidamente fincados e a aspereza das suas faces magoava-lhe as mãos.
— Mas eu vi - murmurou guturalmente -, vi!... Começou então um trabalho paciente de ladrão, abalando, ao de leve, um por um todos os paus: estes resistiam a sua pergunta sem frase, com a pertinácia de cúmplices. Mas Paula não desanimou; a paciência da vingança premeditada, unida à alucinação do ódio, o impelia e fazia persistir. Afinal um dos mourões estremeceu, e os lábios do vigário arregaçaram-se na treva, enquanto as mãos removiam cautelosas o obstáculo à sua passagem. Entrou, depôs o chapéu junto à cerca, mas logo aos primeiros passos foi obrigado a parar e a esperar: os cães investiram-no furiosamente, e só calaram-se depois de reconhecerem-no. Agachou-se e espantou com um aceno os companheiros impertinentes, que voltaram correndo para o fundo da horta.
Paula pôs-se então a gatinhar vagarosamente, até que se pôde coser com o tronco de um cajueiro. Daí espiou em vão para todos os lados: nem o menor ruído perturbava o silêncio noturno.
Ficava próximo um pano de hortaliça que, machucada pela carreira dos cães, recendia na treva o seu cheiro ativo. A altura dos canteiros e das plantas ocultava perfeitamente um homem a caminhar de rastos, e Paula, deitando-se sobre as mãos, começou a arrastar-se por entre eles. Depois de longo tempo desta excursão penosa, a sua curiosidade foi enfim satisfeita. O cicio de uma conversação a meia voz veio acender-lhe toda a cólera, até então contida. Levou precipitadamente a mão ao bolso e, depois de tirar de lá o canivete-punhal, prosseguiu na sua marcha de serpente, até que novamente parou perto de uma gravioleira, junto à qual conversavam dois vultos, um vestido de negro e outro de branco.
— Amanhã, no Engenho - ouviu o vigário. - Vocês demoraram-se mais, deixam anoitecer e partiremos. Tenha coragem; bem sabe que é o último recurso que nos resta. Adeus!
Alguns soluços abafados responderam ao ousado plano e, à despedida, e o vulto negro afastou-se demoradamente, deixando estático junto da gravioleira o que estava de branco.
Paula seguiu-o de rastos até a cerca, com a precaução dos selvagens. Reconheceu facilmente Augusto Feitosa, e quando este, já da parte de fora, ia voltar-se para colocar no seu lugar o mourão arrancado, o vigário aprumou-se, e, levantando o braço armado, desfechou brutalmente o golpe na altura das espáduas do seu suposto rival.
— Eu morro! - bradou o agredido, cujo corpo esbelto vergou sobre os joelhos e deu redondamente em terra, a golfar sangue.
Os cães investiram coléricos para o lugar do crime, porém esbarraram de encontro à cerca, porque o vigário já havia tomado o chapéu e consertado rapidamente o pau-a-pique.
Paula fez-se então ao largo na praça e renovou por algum tempo o processo pelo qual se aventurara na horta até junto dos dois amantes, enquanto algumas janelas da vizinhança abriam-se precipitadamente, e os vizinhos, sem ousar sair inermes, perguntavam-se mutuamente se não tinham ouvido um grito.
Para logo o barulho dessas perguntas em voz alta mudou-se em alvoroço, e os moradores puseram-se a saltar pelas janelas e a correr aspirando o eco de uma voz, que bradava desesperada:
— Socorro, está aqui um homem morto!
Um grande grupo de curiosos engrossou imediatamente em torno do agredido; mas a perplexidade, a indignação, a piedade confundiam o movimento e o impossibilitavam de tomar qualquer resolução. Comentavam todos, maldiziam, praguejavam, mas ninguém se lembrava de socorrer o ferido e perseguir o criminoso.
— Tragam luzes - gritou por fim o professor, que tinha sido o primeiro a sair e era quem mostrava maior sangue-frio.
Ao frouxo clarão de uma vela reconheceu-se Augusto Feitosa.
Estava caído de costas, com o rosto muito pálido saindo do capuz do capote, arregaçado em parte pelo braço que se voltara de modo a ficar sobre a ferida aberta próximo à espádua direita; seus olhos, feridos pelo estupor do além-túmulo, tinham a majestade misteriosa da morte.
— Está morto! - exclamaram todos.
Queiroz, porém, como se não ouvisse a exclamação dolorosa, ajoelhou-se e, debruçando-se por sobre o corpo, aplicou o ouvido naquele peito sem resfolegar.
— O coração ainda palpita! - gritou jubiloso.
E desabotoando-lhe o capote apertado na garganta, acrescentou:
— Levê-mo-lo para dentro; talvez ainda o possamos salvar.
Levantaram o corpo, despiram-lhe o capote, que foi atirado de encontro à cerca, onde se esparralhou uma posta de sangue coagulado, e o grupo inteiro entrou pela casa de Queiroz.
Uma pessoa, porém, ficou de pé no mesmo ponto, com uma vela na mão, na atitude inconsciente de uma sonâmbula. Foi Eulália. O estupor geral compartiu ela com força dúplice, porque uma suspeita horrorosa alevantou-se-lhe no espírito desde que reconheceu Feitosa. O olhar de todos parecia-lhe convergido sobre si, a pedir-lhe que dissesse o nome do criminoso e desse contas do sangue derramado. E então como que sentia que, irritados pelo seu silêncio, os paroquianos possantes agarravam-na, rasgavam-lhe o colo, arrancavam-lhe o coração e liam nele o nome do culpado; mas ainda assim, imóvel impassível ante o furor geral, ela calava-se como se de nada soubesse.
Quando se viu livre do olhar dos curiosos, sacudiu de sobre si essa pressão humilhante. O rosto contraiu-se-lhe com a expressão do sobressalto, e trêmula, ofegante, pôs-se a olhar em roda, como a procurar alguma coisa. Aproximou-se da cerca ensangüentada, e alumiou-a com atenção. De repente, levando precipitadamente a mão à cerca, puxou dentre os mourões um objeto, gotejante de sangue: era o canivete-punhal do vigário Paula.
— Eu estou sonhando, meu Deus! - suspirou tristemente a infeliz - Não pode ser senão um sonho.
E trêmula, quase sem se poder sustentar de pé, Eulália escondeu no vestido o objeto que tanto a impressionara, entrou, atravessou a sala, e foi trancar-se no seu quarto.
Aí, atirada sobre a rede, soluçou por largo tempo; mas de repente, tirando do bolso a arma do crime, abriu pressurosa a caixa em que guardava as suas roupas, e sob elas acautelou e escondeu a prova esmagadora contra o criminoso.
Na sala a mais clamorosa injustiça dirigia a suspeita dos circunstantes. O comissário Antão Ramos, na sua qualidade de inspetor, fazendo o inquérito e autuando o coro de delito, meneava a cabeça a cada resposta, e afinal não pôde ter-se que não dissesse de onde lhe vinham as suspeitas.
— Querem vocês saber de uma coisa? O melhor meio de castigar o criminoso é mandar mudar aquela peste que lá está no Engenho.
E dava as suas razões: Feitosa estava na paróquia havia apenas cinco meses. Não se malquistara, antes enfeixara simpatias pelos seus modos urbanos, pelos seus cumprimentos de cavalheiro e franquezas de fidalgo. O povo da paróquia não era dos tais que assassinam e roubam: era prudente, morigerado e, portanto, não havia hipótese pela qual se justificasse uma suspeita contra qualquer paroquiano. Podia-se, pois, afirmar com a mão na consciência que o assassino era retirante.
— Mas para que pôr a culpa sobre os que estão morando aí? Lembre-se do Feiticeiro e dos outros - ponderou Queiroz.
— É verdade - concordou Antão Ramos.
E, como se temesse pelos seus bens, quis logo retirar-se.
— Alto lá! - impediu-lhe o professor. - O senhor é a autoridade e tem por obrigação acompanhar o ferido até a casa.
— Pois então avie-se, homem; o que aconteceu a este pode acontecer a minha mulher e a meus filhos, e quem os perde sou eu.
Queiroz pensou a ferida como pôde e, fazendo armar uma rede, entregou-a ao inspetor, que logo acompanhou o moço semimorto na direção da casa dos parentes.
— Não pode escapar - disse Queiroz aos vizinhos que se retiravam -, o golpe foi mortal: deve ter varado os bofes.
— E que alma do diabo perverso será o assassino?
— Não sei; só sei que há de escapar, porque o inspetor tem maior medo dos Viriatos do que do próprio inferno. Boa noite.
— Boa noite, sr. professor.
Queiroz, depois de ter fechado a porta, dirigiu-se para a sala de jantar, de onde partiam soluços abafados.
— Vamos, não é preciso chorar; o rapaz ainda está vivo: vocês o agouram.
— Não, não é isto - murmurou d. Ana -, é uma outra desgraça.
— Outra desgraça?! - perguntou Queiroz.
— Irena está como morta.
— Oh! céus, nós bem os suspeitamos.
O estado de Irena era com efeito assustador. Os seus lábios contraídos deixavam ver os dentes cerrados tenazmente, os braços e as pernas estavam rijamente inteiriçados, o rosto demudado e pálido; a algidez de todo o corpo fariam tomá-la por um cadáver, se uma frouxa respiração e o bater do coração não atestassem que a vida não a abandonara.
Havia longo tempo que estava assim. Depois de acalmado o primeiro espanto, Eulália dera por falta de Irena, e saíra em sua procura pela horta, onde a foi encontrar, imóvel e fria, caída no meio dos canteiros.
Queiroz não teve mais forças para dar um passo, e sentou-se em frente a sua velha irmã, que se debulhava em lágrimas.
— É uma coisa esquisita isto que se está passando com estas duas meninas - murmurou d. Ana; - de uns tempos para cá como que estão sempre a chorar. Agora, enquanto a outra se conserva fora de si, Eulália fica como doida, e até parece ter febre.
— Não é esquisito só, minha irmã, é muito triste. É a desgraça que persegue o pobre Monte.
D.Ana, que não podia atinar com o sentido das palavras de Queiroz, fez um gesto negativo.
— Eu no seu caso procurava saber tudo de Eulália.
— Não é preciso; infelizmente eu sei a razão por que julgo o meu pobre Monte completamente desgraçado.
Calaram-se. D. Ana dirigiu-se apressada para o quarto da sobrinha, mas foi detida ainda por uma pergunta do professor:
— Os escravos de Monte ficaram também em nossa casa?
— Não - respondeu d. Ana ingenuamente.
E entrou.
Queiroz, não podendo mais conter as lágrimas, deixou-as correr livremente; mas receoso de que lhe perguntassem a causa, que ele não daria nem por ameaças à sua vida, levantou-se e, quase arrastando-se, foi fechar-se na sua alcova.
— Oh! Que horrorosa suspeita! - exclamou com voz sumida.
Alta noite, quem espiasse para dentro veria ainda o honrado professor recostado na rede, com a cabeça apoiada sobre os braços cruzados, a olhar com a tristeza da insônia para a vela que se extinguia.
Eulália, com a energia própria do seu caráter, reagiu contra a espécie de alucinação que a assaltara, causada pelos inesperados sucessos atropelados em tão poucas horas. Enxugou as lágrimas, domou a comoção, e assim conseguiu não aumentar a inquietação de Chiquinha, e principalmente de d.Ana, cujos olhares lhe faziam perguntas incessantes.
Mas como a chama de uma lâmpada, cujo maior clarão coincide com o momento da sua extinção, a razão de Eulália pareceu-lhe baquear com esse esforço; a moça sentiu-se adoidar pelo sofrimento e sua imaginação começou a delirar acordada. Via diante de si o vigário ainda com as mãos tintas de sangue, perseguido pelo clamor de toda a paróquia, entrar pelo seu quarto, com os traços em desordem, os lábios ressequidos pela febre, os olhos fuzilando o temor do castigo degradante, mas ainda assim desfiando frases ternas para si, perfumando com a sinceridade do seu afeto o cruor tonteante do sangue derramado, a pedir-lhe que lhe pagasse com o amor a desgraça que lhe votara o destino. O pudor de virgem, os escrúpulos de moça educada endureciam-na e cegavam-na às solicitações trépidas daquela paixão explosiva, que irrompera alucinada do seu mistério e demolira a punhal o obstáculo que julgou impedi-la do objeto amado. Mas os gritos dos perseguidores aproximavam-se cada vez mais; o tropel tornava-se mais distinto; já se diferençavam mesmo as vozes de alguns vizinhos, que exigiam a viva força que entregassem o criminoso. Seu pai, o velho Queiroz, severo e corajoso, impedia a passagem a essa gente, bradando: "Aqui é o quarto de minha filha, e não um couto de assassinos!" Mas não o atendiam; queriam entrar e haviam de entrar. Ombros robustos encostavam-se à porta e impeliam-na com a tresdobrada pujança da cólera. A madeira fraca já estalava, e no entanto Paula ali estava, hirto, com os cabelos ouriçados, tendo ainda à flor dos lábios uma frase de amor paralisada pelo susto. Então o seu recato de donzela soluçou, mas o coração, pagando a temeridade da paixão insensata de Paula, ordenou-lhe que indenizasse em ternura o que o infeliz lhe dera em sacrifícios, e ela, dócil, contente pela idéia de salvá-lo, desfazia as longas tranças negras, e, lavando-lhe as mãos com uma torrente de lágrimas, enxugava-as na sua cabeleira farta e cheirosa das murtas da virgindade. Um riso largo e bom enchia-lhe os arcanos da sua sensibilidade; já não temia que entrassem: era ela mesma que desejava abrir passagem. Repentinamente porém teve de recuar, porque via diante de si um dedo, curvo e brilhante como a lua no crescente, apontar inexorável para a caixa, indicando aos perseguidores uma testemunha do crime. Então Eulália, vendo burlada toda a sua esperança, teve um acesso de choro... e prorrompeu realmente em soluços.
Quando as lágrimas dissolveram os traços horrorosos deste quadro, a imaginação substituiu-o por um outro não menos contristador e travoroso. Era Irena que se alentava, e inteiriçada no seu espasmo, encostava-lhe os seus lábios repassados da frialdade dos mortos, e com esse beijo, que parecia ser dado pelo mistério de além-túmulo, acordava-lhe no seio o remorso insopitável e sanhudo, a espremer-lhe do coração a imagem de Paula, com a impassibilidade de um médico a espremer um furúnculo. Então o vácuo deixado escancarava-se como um abismo, e daí surgia, todo banhado em sangue, com a ferida muito aberta e vermelha, como ouvia na infância pintar a garganta do inferno, o corpo lívido de Feitosa a implorar-lhe vingança a troco do paraíso.
Agitada por estas visões, Eulália, ora passeava, ora parava, sem saber o que fizesse, até que, vindo ajoelhar-se junto de Irena, disse-lhe com voz sumida, sufocada entre soluços:
— Acorda, minha amiga, acorda; o teu sono mata-me.
E sacudia-a, e beijava-a, e unia àquelas faces frias a fronte escaldada pela febre.
Em vão! O espasmo continuava com a pertinácia da morte, apesar dos cuidados de d. Ana.