126 | 40 anos no interior do Brasil: aventuras de um engenheiro ferroviário

inquietante disse: “A minha comida não lhe apeteceu muito?” O forasteiro olhou apavorado a arma e garantiu que havia apetecido excelentemente.

“E agora por que o senhor não come se lhe apeteceu tanto?”

O forasteiro garantiu que não tinha fome. “Pois eu não acredito nisso!” interrompeu agora Manducca. “O Senhor insulta a minha casa, se não presta honra a ela! E agora vou lhe ensinar a se comportar, agora coma tudo o que está em cima da mesa; senão vou descarregar o chumbo na sua barriga e vamos ver como ela digere isso”. O forasteiro implorou e lamentou-se, mas tudo em vão. O olhar rígido de seu algoz não o largava; ele começou a comer novamente, e comia, e comia e se esforçava por fazer descer tudo. E quando os pratos começaram a ficar vazios, Manducca se tornou amigável, então bateu afetuosamente no ombro de sua vítima e opinou: “Eu sabia que o senhor estava só fingindo! Vê agora como ela lhe apeteceu? E a mais corriqueira cordialidade exige que se coma o que hospitaleiramente é oferecido de bom coração por alguém”.

No dia seguinte de manhã cedo quando o forasteiro seguiu caminho, ainda trocou algumas palavras cordiais com o seu querido estalajadeiro, mas, quando chegou na próxima cidadezinha, quase caiu do cavalo em função das dores, precisou ficar de cama, chamar o médico e só depois de três semanas ele estava restabelecido para que pudesse continuar sua viagem.