Talvez os elogios, que a beleza da pequena provocava a tornassem irritavel e nervosa, naquela edade em que muitas mulheres, e principalmente as que nunca foram mães, não perdoam á mocidade os seus encantos naturaes.
Lia nem pensava que a sua beleza pudesse ser a principal causa d'este tormento, que a mortificava; e apezar de tudo, estimava a tia.
Aos quinze annos, e cada vez mais enfraquecida, não poude um dia levantar-se. Ardia em febre.
A tia, com uma certa angustia, talvez de remorso, olhava a espantada, por vêr, assim, cahir doente essa criaturinha, que ela nunca pensou que pudesse adoecer!
A febre augmentava.
Chamou-se, então, a mãe.
A criança levava as mãos ao peito, e chegando a pequenina cruz de oiro aos labios, beijava-a.
Tinha então um sorriso enlevado, vendo no olhar da tia uns vislumbres de ternura que não lhe conhecêra nunca.
Quando a mãe entrou no quarto, chorando, volveu para ela os seus olhos tristes, enviando-lhe nesse olhar todo o imenso afecto da sua alma.
Depois, escutava comovida as frases um pouco sentenciosas, mas compadecidas, que a tia dirigia á cunhada. Como não havia de ser assim, se era a primeira vez que lh'as ouvia!
As horas caminhavam vagarosamente e a febre recrudescia.