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A dança do destino
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ráes cinzentas do fumo, que se azulava á luz radiosa do sol.

Um dia, era um domingo, Mario perguntou ao Arthur:

— Porque é que o meu pae chama comunista ao teu?

— Ora, porque é um idiota — respondeu aquele.

Foi um momento terrivel!

Mario teve a tragica vizão do dasabar da sua existencia, sentindo a imperiosa necessidade de esbofetear o amigo.

Arthur comprehendendo a inconveniencia e o perigo, a cessação das brincadeiras, dos cigarrinhos longamente saboreados, emendou logo a mão, rapidamente, e com uma naturalidade que desfez imediatamente a iminente tempestade:

— Comunista é o mesmo que idiota — explicou sorrindo, teu pae quer com isso chamar idiota ao meu.

Tudo isto teve apenas a duração de um relampago.

Mario nunca tivera curiosidade de saber a significação da palavra com que o pae designava o pae do amigo e contentou-se com a explicação d'este, achando talvez injusta, ou pelo menos ofensiva tal designação para o pae de Arthur.

De repente notou um movimento desusado em casa d'este, uma grande afluencia de visitas, muitos homens, algumas mulheres do povo, caras feias, pálidas, expressões duras, ritus de sofrimentos.

— Quem é que faz anos na tua casa? — perguntou.