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Collecção Antonio Maria Pereira

Arthur poz-se a rir.

— Não são anos nenhums! E' meu pae que váe fazer um discurso, respondeu.

Mario guardou silencio, e poz-se a seguir, com o olhar vago, um pardal que saltava de ramo em ramo a folhagem escnra da nespereira que cobria, com uma mancha de sombra, o quintal do Arthur.

O seu espirito estava concentrado numa unica ideia. Um discurso !

E êle que nunca ouvira nenhum! Tinha agora, ali, un mesmo à mão!...

Era só saltar o muro e pronto.

Então, voltando se subitamente para o Arthur, numa ancia de curiosidade que lhe punha risos nos olhos e comoção na garganta, disse:

— Se fossemos ouvir?...

O outro encolheu os hombros, assumindo uma expressão cortante de ilusões:

— Isso sim! aquilo é só para os grandes.

Mario baixou a cabeça desalentado, murmurando:

— Que pena!

No semestre seguinte teve um grande desgosto: a familia do amigo mudava-se.

Quando chegou o dia fatal da separação, chorou muito, abraçado ao Arthur, que a cada momento se desenvincilhava d'êle, declarando-o piegas e massador.

Que diacho! êle não ia embarcar para o Brasil!

— Olhem a grande cousa, saltar apenas umas ruas!...

Demais Mario ia passar a frequentar a escola e era muito facil o verem-se sempre. Era só combina-