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A dança do destino
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lante tudo isto! Vamos ter uma noite divertidissima e...

— Sim, já sei, muito chic — interrompia ela, encolhendo os hombros.

Chegaram. Maria Julia desceu ligeira, som tocar na mão que lhe ofereciam e, muito alegre, seguida dos tres rapazes, transpoz a entrada da feira.

Agitava-se uma multidão mesclada e confusa. Sujeitos pacatos, caminhando lentamente, eram acotovelados pelos ranchos irrequietos que iam gosar. Confundiam-se gritos estridentes com os pregões enrouquecidos, e havia uma alegria simulada que causava tedio, naquele ambiente saturado do cheiro nauseante de peixe frito.

— Quentes e boas! — berrava o vendilhão das castanhas cozidas, á entrada da feira.

— Quer queijadas da Lapa, minha querida fregueza? — bradava uma mulher — Olhe que são das legitimas; compre, minha fidalga!

— O grrrande sucesso, meus senhores! — gritava um rapaz de cara enfarinhada, à porta d'uma barraca — venham ver os noivos: o monumental gigante, que jamais olhos humanos contemplaram, ao qual, para se lhe poder apertar a mão, é preciso subir a uma escada; e a sua microscopica noiva, a princeza Recoralta, que é mais pequenina que uma orelha do seu futuro esposo! Venham ver! Venham admirar!

Maria Julia parou, e ao ver a acanhada barraca onde se abrigava o famoso gigante, exclamou:

— Deve estar de cócoras para caber ali, coitado!

Passaram mais adeante, e ela, encaminhando-se