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A dança do destino
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uma mulher de espirito póde adoecer, deve ter sincopes, deve ter nervos!

― Mas quem lhes diz a vocês que eu estou doente? ― respondia ella ― talvez fatigada de lhes ouvir tantas baboseiras, não digo que não.

― Obrigado pela amabilidade ― respondiam êles radiantes.

Mas a Maria Julia não dava a resposta trocista do costume; olhava-os com um ar abstracto e enjoado. A taça de champagne espumava-lhe nas mãos e através do dourado liquido, ela estava agora a ver, nessas perolas que subiam e se evolavam à superficie da taça, os anos passados da sua existencia, numa efervescencia de paixões e desregramentos que lhe tinham posto o vacuo na alma, onde a amargura fôra sufocada pela quimera dos prazeres faceis e estereis, onde o tedio se acumulava, a desfazer-se, por vezes, em ondas de lagrimas e de remorsos.

Sim, porque a María Julia era uma mulher educada. Por que série de circumstancias chegava a nem pensar no que a si propria se devia? Que sabia ela? Era a fatalidade, que tudo explica.

Fôra justamente ha 15 anos. Vivia com a mãe, uma santa creatura, viuva de um honrado militar, e que, com a educação da filha, gastava quasi toda a pensão que lhe ficára. Fôra a pequena creada com as mais austeras noções da honra e da honestidade; mas a Maria Julia era vaidosa e preguiçosa. Amava a sua beleza sobre tudo e adorava o luxo. Sonhava com um casamento rico, um banqueiro, um principe, que sei eu? Com uma existencia, emfim, em que o

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