A ESTRELLA DO SUL

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Cypriano tinha pensado tudo isto, e como gostava de ir direito ao seu fim, não hesitára em vir apresentar o seu pedido.

Ai d'elle ! caia agora das alturas do seu sonho, e via pela primeira vez o abysmo quasi invencivel que o separava de Alice. Por isso, depois d'aquella entrevista decisiva, entrou em casa com o coração cheio de tristeza. Mas não era homem se abandonasse a um vão desespero; estava resolvido a luctar n'este terreno, e, até ver, bem depressa achou no trabalho derivativo certo para as suas máguas.

Sentou-se á sua mesinha e poz-se a acabar, com lettra rapida e firme, a longa carta confidencial que começára de manhã, dirigida ao seu venerado mestre, mr. J..., membro da Academia das Sciencias e professor cathedratico da Escola de minas.

« ... O que não me pareceu dever consignar na minha memoria official, — dizia-lhe elle, — porque para mim é ainda apenas uma hypothese, é a opinião que estou muito tentado a ter, em virtude das minhas observações geologicas, a respeito do verdadeiro modo de formação do diamante. Não me satisfazem nem a mim nem ao meu caro mestre a hypothese que faz sair o diamante de uma origem vulcanica ou a que attribue a violentas rajadas a sua chegada aos jazigos actuaes, e escusado será recordar-lhe os motivos que nos fizeram pôr de parte essas opiniões. A formação do diamante no proprio logar e pela acção do fogo é tambem uma explicação demasiado vaga e que me não satisfaz. Qual seria a natureza d'esse fogo, e porque é que elle não havia de ter modificado tambem os calcareos de toda a especie que se encontram regularmente nos jazigos diamantiferos? Isto parece me simplesmente infantil e digno da theoria dos turbilhões ou dos atomos cartesianos.

«A unica explicação que me poderá satisfazer, se não com-