Que diferença! basta olhar. Tu, que és mais observador, repara: está tudo luminoso, tudo límpido, tudo bem arranjadinho... hein? Há outra atmosfera nesta casa; estou melhor aqui do que em parte nenhuma, porque em tudo me parece haver o propósito de me ser agradável. Abre essa gaveta, e verás como está bem arranjadinha a minha roupa branca. Um primor! E o que me delicia é sentir a alma desta criatura, que aqui tenho debaixo do meu teto, sem que nunca os meus olhos a vejam nem de relance... Ela esconde-se, ao mesmo tempo que se espalha pela casa toda. É a mulher-violeta, positivamente, não há outra comparação! Esta será estafada em literatura, mas na vida prática talvez nunca tivesse tão boa aplicação... A Glória, que é tão rebelde, já aprendeu com ela alguma coisa... Faz crochê! É uma coisa abominável, o crochê; mas, enfim, é uma prenda... Eu deveria ter tomado esta resolução há mais tempo...
– Talvez não tivesse vindo esta mulher... Outra seria assim?
– Não! Ontem, por exemplo, entrei em casa uma hora antes do costume; atravessava o jardim, quando senti acordes no piano; mas acordes bem harmônicos, vibrados por dedos disciplinados, conscientes. Ouvindo-me tocar a campainha, ela fugiu da sala; e quando eu entrei,