explicaria isso bem, dizendo-te que a sinto à roda de mim, e que ela se interpõe mesmo entre os meus mais frívolos beijos! Mas sabes que não sou espírita, nem religioso. O que me apraz, nesta situação, é sentir em roda de mim a influência de uma mulher moça, sem contudo a ver nunca. Gosto do silêncio e da ordem e a sua presença me perturbaria; assim, ela preside à minha casa, sendo para mim como um ser imaterial, que não me impõe a maçada dos cumprimentos, e eu vivo rodeado de solicitudes, podendo conservar a minha impassibilidade. Não acredites que me seja possível amar outra mulher, como amei a minha... O ciúme dela criou tantos fantasmas que eu mesmo acabei por temê-los!

– Pois foi para espantar um desses fantasmas, que tua sogra me chamou ontem. Jantei lá em cima.

– Sim?! E Glória? como a achaste?

– Perfeita, isto é, perfeita quanto ao físico. Parece uma maçã madura. Até a pele lhe cheira a fruta! Mas escuta: a baronesa, como toda a gente, menos eu, desconfia que tens pela tua governanta uma adoração menos espiritual.

– Já me tardava, o ciúme! Maria vive naquele coração como no meu!

– Folgo que a compreendas e a desculpes... que tencionas fazer?

– Nada. Afirma-lhe tu que não existe ligação