para os pés do Senhor! O que ela sentia é que sob a roupagem fluídica, a sua Maria estava a seu lado, ora sentada sobre os seus joelhos, como quando tinha dez anos, ora seguindo com o olhar ciumento o Argemiro, como nos tempos de casada; e que existia, que tinha o seu lugar na terra!

O sol desmaiava; as mangueiras com a tarde faziam-se mais negras. Um sabiá cantava, outro mais longe respondia, e a baronesa, dorida, persuadia-se de que a melancolia mais amarga é a dos velhos, porque não têm a suavizá-la nem o mais tênue raio de esperança!

Às vezes Glória, entrando bruscamente na sala, quebrava-lhe o devaneio. Morena, forte, com os cabelos pretos cobrindo-lhe as orelhas em ondas acentuadas, ela afastava a imagem loira e fidalga da mãe para o fundo esfumado do sonho; e, palpitante de vida e de força, vinha lembrar à velha que só se devia consumir por ela.

– De onde vens? Como te sujaste... trazes palhas no cabelo... Olha o vestido rasgado!

– Quando pulei a cerca...

– Pulaste a cerca! muito bonito! Então uma menina pula cercas?!

– Foi para entrar na horta...

– Vem cá... deixa-me abotoar-te... ora... ora...

Os dedos da baronesa prolongavam de propósito