Argemiro a prefira a mim! – exclamou a baronesa com uma gargalhada insultuosa.
Alice mordeu os beiços para não responder: todo o corpo lhe tremia, como num acesso de febre.
Glória correra para o quintal. E era como se a casa se desmoronasse sobre a sua cabeça. Que razão teria a avó para querer tanto mal à d. Alice? Que iria suceder?! A quem gritar por socorro?
A voz da baronesa perseguia-a. Sentia nos ombros o peso das suas mãos irritadas. Quem lhe diria... A loucura?! Seria a loucura?! Deveria chorar pela avó, pela sua razão perdida, ou salvar a moça, que ficara sozinha em sua frente? Mas salvar como, se ela tinha medo? Glória atirou-se chorando para o jardim, na ânsia da liberdade e do silêncio. O avô, ao vê-la, compreendeu tudo e correu a ampará-la.
– Que tens, meu amor?!
Animada pela presença do velho, a menina agarrou-o com força.
– Venha, vovô... corra... vovó é injusta... é má... está dizendo coisas terríveis à d. Alice... não sei o que é... Vovó me bateu! pelo amor de Deus... ande depressa!
O avô resistia; mas, ao ouvir-lhe as palavras – “vovó me bateu” – endireitou-se num espanto e olhou de perto para os olhos da neta.
Não! ela não mentia. Os alegres olhos da sua Maria da Glória estavam cheios de lágrimas,