– Eu não compreendo... mamãe!

– Argemiro! a minha convivência nesta casa com essa mulher provou-me que as minhas suspeitas tinham fundamento. Ela ama-o.

Argemiro não conteve um movimento de surpresa:

– É impossível!

– Antes eu tinha a intuição disso; tive depois as provas, toda a certeza. Encontrei-a muitas vezes aqui, olhando para o seu retrato; vejo a ternura com que ela aperta nos braços sua filha, o desvelo exagerado com que trata tudo que diz respeito à sua pessoa e como enrubesce ao pronunciar o seu nome. Afirmo-lhe que o ama. Eu nunca me enganei. Certa desta verdade, deliberei despedi-la antes da sua chegada, do que não me arrependo, porque era tempo de acabar a comédia, que não podia ser presenciada por minha neta.

– Minha senhora!

– Ah! já não diz minha mãe!... Era ainda... Enfim! peço-lhe desculpa se o ofendi.

– Falemos com calma. Não sei em que língua hei de dizer, para fazer-me entendido: que nem sequer sei a cor dos olhos dessa senhora, cujas feições ignoro e cuja voz mal tenho ouvido à distância! É bonita ou feia? Que me importa! Nunca a vi. Não quero vê-la. Para mim ela não é uma mulher, é uma alma apenas, que me enche