esses dois seres de redobrado peso. Redobrou também ela de atividade nos trabalhos manuais... propôs-se a dar lições... mas não lhe apareciam discípulos; os trabalhos, mal remunerados, não matavam a fome aos seus velhos... Foi por essa ocasião que apareceu no Jornal do Comércio um anúncio oferecendo um bom ordenado a uma senhora para governar a casa de um viúvo. Ela não hesitou. Os seus velhos teriam pão, ela um pouco mais de descanso... A filha do advogado, a neta do general, sujeitou-se a esse emprego para matar a fome aos seus criados.
A baronesa olhava para Assunção, interrogativamente. Seria verdade tudo aquilo?...
Ele continuava:
– A pobreza apura os dotes naturais da criatura; ela trouxe para aqui a experiência do sacrifício... Ouçam agora: quando leva dinheiro para casa, o velho, zeloso, apalpa-lhe o pescoço, os pulsos, os dedos, a ver se ela tem jóias... A velha acha tudo pouco! Ele prega-lhe moral... desconfia... a outra queixa-se de necessidades... Ela sossega a um, promete à outra e volta para os sarcasmos desta situação e para as pirracinhas do Feliciano. Senhora baronesa! Isto que eu lhe digo é verdade. Eu vi.
A baronesa nem pestanejava. Sumira-se-lhe a cor dos beiços. Estava lívida.
Argemiro curvou-se todo para o amigo: