era de tão carinhoso acolhimento, que ele trabalhava por penetrar-lhe as intenções.
Conversavam os dois, como se esperassem ambos uma palavra reveladora, quando entrou no camarote o Benjamim Ramalho, todo teso no seu alto colarinho, com uma camélia branca na lapela e o cabelo achatado sobre as orelhas pequenas e redondinhas. A Pedrosa mal disfarçou a sua contrariedade. Benjamim curvava-se diante dela numa reverência. E depois de sentado:
– Magnífico este primeiro ato. Não gostou?
A Pedrosa respondeu quase secamente:
– Muito.
Benjamim olhou para o Argemiro, que pôs o binóculo para o camarote da Vieirinha. A Pedrosa, percebendo o movimento do advogado, seguiu-lhe o exemplo. Benjamim ficou por um momento só, perplexo; hesitou, compreendeu que chegara inoportunamente e acabou também binoculando a Vieirinha!
Depois de um curto silêncio ouviu-se a voz da dona do camarote num comentário de enfado:
– Não é feia aquela senhora, mas veste-se muito mal...
Benjamim, confirmando:
– Realmente, não tem gosto... usa umas cores muito espantadas...
Argemiro sorriu por dentro. A pobre da Vieirinha tinha um pecado: ser casada com um