mulher! Deixa a pequena com os velhos e arranja-se uma preceptora inglesa ou alemã. Verás o milagre. Vocês custam a atinar com as coisas simples! São uns complicados...

– Talvez tenhas razão...

– Por força. Eis-nos chegados. Aparece amanhã na Câmara, às duas horas; o Teles vai soltar o verbo. Não faltes.

Argemiro chegou a casa muito fatigado e entrou para o seu quarto. Estranhou logo ao princípio qualquer coisa que não pôde determinar o que fosse, mas que o impressionou bem. Ao pendurar a roupa no cabide de pé, viu que o tinham aliviado do grande peso de ternos de casimira, que o Feliciano deixava acumulado ali semanas e semanas, por preguiça de os escovar e guardar. Enfiando o robe-de-chambre, notou que lhe tinham pregado um botão que lhe faltava. E pensou: “Realmente, só as mulheres sabem governar bem uma casa...”

Sentou-se ao lado de uma mesa a ler um jornal, mas a folha descaiu-lhe das mãos e ele pôs-se a olhar para um retrato da mulher, suspenso em um cavaletezinho de prata fosca. A saudade da sua morta revivia todas as vezes que vinha de ver a filha; sentia-lhe a falta então, poderosamente. Se ela vivesse! Ah, se ela vivesse correria tudo suavemente!

Argemiro levantou o retrato e contemplou-o de perto. Quantas vezes beijara aquela fronte