Mas Argemiro tinha pressa também de atravessar as ruas com a sua Gloriazinha pela mão, e abreviou o trabalho. Saíram; e as recomendações dos pobres velhos foram absolutamente esquecidas...

Maria da Glória agarrou-se ao pai, atordoada com o burburinho do povo com que ia esbarrando; aquilo alvoroçava-a sem diverti-la, mas a pouco e pouco, a cada paragem para uma conversa de minutos, em que os amigos do papai lhe beijavam a mão, como a uma princesa, acordava nela uma curiosidade estranha por esta vida da cidade, tão embaraçada de enleios. Queria ver tudo, retinha Argemiro em frente das vitrines, embarafustava pelas lojas; e como via em exposição muitas coisas que não tivera nunca, exigia-as do pai, que, dócil como a cera mole, ia comprando tudo, sentindo-se ainda feliz por satisfazer assim a sua Maria, só dele, nesse sábado bendito.

Quando chegaram às Laranjeiras, o pai subiu logo para o seu quarto e recomendou a Glória que esperasse na sala Alice Galba, a quem mandou avisar, pelo Feliciano, que viesse receber a menina.

Maria recostou-se no sofá, esmagando no estofo as papoilas do seu chapéu à jardineira. A antipatia da avó sugerira-lhe instintiva repugnância por essa intrusa, como chamavam lá em casa a governanta das Laranjeiras. Ah,